Lightpainting no ambiente escolar

Este artigo é baseado em experiências empíricas em oficinas de lightpainting que foram realizadas de 2007 aos dias atuais. E através dessas experiências criar um diálogo entre LIGHTPAINTING e EDUCAÇÃO no ambiente escolar infantil, como ferramenta de análise e construção dos processos de aprendizagem e autonomia intelectual dos alunos.

As observações neste caso, se restringem às crianças de 6 a 10 anos, de classes sociais distintas. A princípio, foi levado em consideração nesta análise, a fase de formação da personalidade individual e coletiva, estabelecendo uma relação entre fantasia e realidade, entre introspecção e relações sociais, entre o dentro e o fora, entre o EU e os OUTROS.

  

O método inicia-se através de atividades que integrem a sala toda, atribuindo imagens onde todos tem o mesmo valor imagético na composição. O efeito estético é a LUZ INTERNA, que possui um conceito sagrado derivado da história da arte. Posto isso, cada um tendo a sua própria luz, o processo de criação e aprendizagem pode começar do zero, com todos partindo do mesmo ponto.

E entre a teoria e a prática...

Nós aprendemos algo novo todo dia, em qualquer lugar, na rua, em casa ou no trabalho, e é na escola, onde se tem o dever de ensinar, que se encontra o maior desafio sobre adequar o conhecimento ao método, e o método ao sujeito, para que cada indivíduo aprenda à sua maneira, ao seu tempo. Com o objetivo de encontrar o dom de cada um, reduzir as limitações e encorajar o talento. Porém, não é bem assim que funciona no Brasil, todos são impostos à mesma caixa metodológica, que pode funcionar para uns, mas para outros não. Depende do capital.

As atividades que incluem desenhos têm o julgamento da visão durante a ação de desenhar, isso faz com que se atribua valores ao que se está fazendo, como bom ou ruim, e até mesmo a crer que é incapaz de desenhar.

No entanto, um processo gradativo e sequencial de memorização de imagens, auxilia na construção, elaboração e produção de símbolos figurativos ou abstratos. Através de uma atividade que se inicia no papel e transpassa para o espaço, é capaz de tonificar a conexão entre memória visual e movimentação corporal.

Dessa forma, a inclusão da Oficina de Lightpainting na escola, abre caminhos para novas formas de reconstrução do processo de aprendizagem entre professor e aluno, e entre o conhecimento e o sujeito. Este processo ocorre através de atividades planejadas e dirigidas onde o conhecimento pode ser adquirido através de experiências físicas, sensoriais, auditivas, visuais e cenestésicas. Ou, melhor ainda, PINTANDO COM LUZ, todos estes estímulos são envolvidos na mesma ação ininterrupta, estimulando a percepção da sequencialidade da ação, a referência espaço/temporal, a motricidade fina, a locomoção espacial e a memória visuo-motora ligada à estética visual da cena, buscando referências no seu próprio repertório visuo-mental.

  

      

Pintar com luz se resume à ação de criar no espaço/tempo, uma imagem invisível aos olhos e visível no consciente visual. E para isso, é preciso alinhar o movimento corporal à memória, e somente quando o obturador da câmera se fecha, é que se vê a imagem resultante da ação, pois a atividade favorece a anulação da auto-sabotagem inconsciente do aluno, fator crucial na construção do processo de aprendizagem pois a sensação de segurança ocorre juntamente à alegria, e sabe-se, que sinapses que disparam juntas, permanecem juntas.

Os alunos então munidos de alegria e segurança própria, se desafiam a criar imagens mais elaboradas, que exigem planejamento, tomada de decisão, criatividade na solução de problemas e imaginação artística. E um fato interessante que ocorre neste processo, é o momento em que o aluno conquista esta aptidão, desencadeando virtudes que embaralham os estereótipos na sala de aula.

Embora seja por pouco tempo, mas durante a oficina, os excluídos deficientes, o gordo, a feia, o negro, gay, ou aqueles segregados socialmente, tem a oportunidade de transcender e sentir a voz ativa no meio social, pois compreendem na forma mais simples a logística e holística que permeiam a ação, isso contribui com a auto-estima e a compreensão de sua participação e influência na sociedade.

A imagem final é apenas uma foto estática, mas o seu processo é um filme com continuação perpétua.

 

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